segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cinza


Sabe quando você acorda e nada faz sentido?
Quando você tem aquela sensação de que tudo,
Mas absolutamente tudo mesmo ao seu redor,
Perdeu o brilho, o aroma, a cor
E não passa de um grande buraco cinza sem vida
Como se até os deuses estivessem fora do seu alcance...
Não, depressão ainda não é assim
Ela é fria e fria e quente ao mesmo tempo
É azul e vermelho como o mar e o sangue
São dois opostos extremos que te canduzem lentamente,
Como na valsa da morte,
Até um local dentro de você mesmo
Sem luz e sem sombra.
Aí sim você encontrou a depressão
O mais profundo e inexplicável local em sua alma
Onde poucos tem a real coragem de imaginar
Ou mesmo visitar por um instante...
A questão tratada não é a depressão
É uma coisa diferente
Que consegue ser tão convidade à obscuridade quanto ela,
Mas você simplesmente não sente quando essa coisa chega
E tira tanta coisa de você sem esforço algum...
Certa vez me disseram que era crescimento
Que todos os encarnados são obrigados a passar por algo assim
E que nada se podia fazer para intervir nesse estágio
Como parte de um plano maior de crescimento astral.
Na mais pura inocência que ainda me sobra,
Eu me perguntei em silêncio,
"Por que o cosmos nos faria passar por isso?"
E o próprio silêncio respondeu
Com todas as letras as palavras não foram ditas
E a única coisa que restou foi o silêncio do silêncio...
Confuso? Triste? Fim?
Nada é tão ruim que não melhore
E nada é tão bom que não chegue ao final mais rápido.
Tudo girando e girando num ciclo intenso e interminável
Onde cada um é regido por uma variante do Chaos
Que insiste em nos lembrar que os sonhos são meramente desejos
Um apego irreal à um tempo que,
Somente agora você percebe,
Passou deixando somente os cacos de cristal dos planos e fantasias
E tudo que lhe sobra são palvras soltas
Recheadas com a mais cruel falsidade
Onde as trocamos as juras de amor eterno
Onde as estrelas mediam o tamanho do carinho e afeto,
Agora são apenas palavras vazias e sem sentido ou força
Frases feitas tiradas de um caminhão enferrujado
Para simbolizar algo que morreu dentro de você...
Outro dia liguei para um velho amigo
"E ai, tudo bem? Como você tá?
Nossa, você tá sumido! Que tem feito?
Bom, depois nos falamos. Beijos"
Parece uma conversa normal, certo?
As diferenças começam aqui:
Agora mesmo encontrei com um conhecido
E a conversa foi exatamente a mesma,
Como um descurso político e repetitivo
Sem alma ou emoção alguma.
Por que eu estou falando tanta coisa?
Porque é melhor escrever do que magoar as pessoas
Mesmo aquelas que te magoam sem saber...
O que antes tinha valor inestimável,
Hoje não representa absolutamente nada
E assim as coisas mudam e perdem o sentido
Dando espaço para um novo pensamento,
Um novo caminho onde nada do que foi retorna...
Como descobrir esse caminho?
Basta olhar para o céu com calma
E ver que o cinza já se foi e o azul retornou
Assim como a solidão acaba mais cedo ou mais tarde
E você já não faz falta alguma...


Igor Padua

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sentido



Quando não se despede de alguém,
Alguma coisa ou lugar
Isso volta sempre pra te atormentar
Até mesmo quando não há mais motivos
Ou justificativas para que volte...
Mesmo quanto já sabemos de tudo isso
E conhecemos a angústia do passado,
O futuro parece menos agradável
Agora que o presente se mostra
Cada vez mais como um cela fria ao luar.
A mesma Lua que troca carícias comigo
Agora ilumina com sua palidez
A pesada e triste fumaça que entranha
Dos fios do lençol cinzento
Até a última gota de energia do meu corpo...
Quando nada mais faz sentido
E tudo que sempre te levou a crer,
Mostra como o mundo é amargo
Como toda sua fantasia inocente
É vendida em cápsulas de receitas ilegais
Ao preço dos casulos de aço
Das borboletas sem cor
Que riscam o mundo sem vida.
Não há mais espaço pra você
Entre os castelos de rubis
Onde tão somente restam
Poços secos das sensações vivas.
Toda uma obra eterna
Contruída e remodelada no tempo
Sempre ávida e rica nas cores
Num gozo extremo do prazer divino,
Feita para ser vivida e amada
Desbravada como as florestas
E degustada como um banquete,
Pois na intensidade do saber
É que a Natureza oferece seus frutos,
E quando for preciso agir,
Cobra nossas ações com força..!
Aquilo que te forta;ece
Sempre será aquilo que te mata.
E assim o que sempre te motivou
Já não possui sentido algum...

Igor Padua